A espera
Estranho perceber, só agora, que estive na maior parte do
tempo numa espera dolorosa pelo momento de uma revelação. Esperava por uma
força externa a mim capaz de me revelar, de aceitar e assumir. Essa espera se prolongou
por uma vida inteira, por mais que as casas se modificassem, por mais que os
personagens já fossem outros. Uma espera dolorosa por algum tipo de morte que
eu não sabia entender. Nada me fazia sentido, meus pensamentos estavam todos
paralisados; minha respiração suspensa me impedia de sentir também, nem com o
corpo entendia a espera, mas continuava no caminho do silêncio. Eu só obedecia à
falta de uma força interna. Passei boa parte da vida como refém.
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