Retiros

Os sinais estão aqui, a luz que entra pela varanda, o barulho que a vizinhança verde faz ao anoitecer, o pássaro sem nome que visita minha casa e se comunica comigo. Os sinais estão aqui, por perto o tempo todo, na vela acessa, nos ruídos do corpo que ouço e atendo quando me aquieto do mundo. Não existe prazer maior do que adormecer meus pensamentos como quem adormece fora de hora. Os sinais estão aqui, quando me retiro e acolho a necessidade de somente contemplar sem a pressa de dar resultados, ou satisfação de escolhas bem sucedidas. Não quero ter a ansiedade de aproveitar as pequenas coisas, não quero ter a responsabilidade de viver melhor. Quero me entregar a vida com a mesma leveza com que me entrego e me deixo ficar na rede, ou no colo de minha mãe em dias de carência, ou ao sol em dias de folga. Quero poder ser mais espontânea, sem me esforçar para isso. Poder rir ou enlouquecer sem me preocupar tanto com o que está em minha volta. Os sinais estão por aqui, sem que eu precise sair para buscá-los, posso ver ao redor de mim, em mim todos os apelos para que eu viva mais tempo em minha casa espiritual.

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