Meu passado, humano...

Descobri que precisava aceitar meu lado humano, e mais do que isso, ser generosa como essa minha natureza e para isso usei do recurso de minha memória para humanizar minha história, minha origem e passado. Olhei para meu pai, sua memória em minha história e pude ver o que só descobri com o tempo. Ele era um homem encantador, mas tão humano que tinha dores, sonhos não realizados, ambições interrompidas por pouca coragem de romper com tudo. Descobri, depois de sua morte, que havia nele um poeta, um vedor e admirador de mulheres, um homem apaixonado pela liberdade. Depois de muito tempo humanizei a história de meu pai e isso foi um resgate de sua memória e paz para meus conflitos. Olhei para minha mãe, e só conseguia ver uma mãe de muitos filhos, uma mulher linda e dedicada, só podia lembrar de um colo que nunca tive igual, mas nunca consegui ver nela uma mulher além de nós. Desconhecia seu passado e isso me impedia de desapegar de todas as suas expectativas, todos os projetos de vida bem sucedida que ela desenhou para nós. Foi então que consegui resgatar algumas histórias de sua juventude, pude entender o tipo de amor que ela conheceu e o pouco de investimento que foi feito em sua identidade, em seus desejos íntimos... Eles são mais humanos do que eu podia imaginar e isso me faz livre também dessa predestinação de força e resignação. "Alabê, sábia é a natureza".

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