Mudanças não são fáceis. Tento ser generosa comigo, deixando de lado - a cada dia - um pouco mais desses medos que se amontoam aqui. Daí que percebo que esquecer é às vezes um ato de generosidade. Estou me permitindo viver a inocência das coisas; sem tantas expectativas, sem tantas exigências, sem tantas crises.
Enquanto me preparo para um tempo novo, reforço minha tendência com os rituais. Estou entrando na fase do ritual de despedida, e neste tempo eu observo e revejo tudo e todos. Os detalhes do apartamento, o que cada objeto simboliza, as visitas que recebi, as pessoas que nunca mais eu vi; o portão do prédio, a janela do meu apartamento - vista de fora; a vista do Cristo, a mensagem escrita na parede, as vozes de vizinhos próximos...
O mais interessante é que não existe nenhuma barreira para o próximo passo, o ritual é mais do que despedida, é ritual de agradecimento por tudo que passou por aqui.
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