Carnaval

Primeiro dia - Rua repleta de gente e eu me pendurando nos pés do cavalo - monumento para ver o colorido das fantasias. O sorriso se misturava a impaciência de não conseguir passar e chegar ao meu destino - mesmo que não houvesse um destino certo. Mulheres lindas, sorrisos e maquiagens encantadoras; crianças brincando em seus próprios bonecos de Olinda.

Segundo dia - música ao fundo; céu aberto...o sol está chegando; o ´som do bloco passa em frente ao asilo e tento imaginar como foi o passado daquelas pessoas. Páro, falo com estranho e na conversa tento me conhecer um pouco também. Casas novas, vilas em Botafogo que nunca havia imaginado. Brigas no final da noite, o som de angústia que me dá medo e me traz lembranças ruins. Eu sinto tudo ao mesmo tempo; alegria, compaixão e medo.

Terceiro dia - crise se carnaval é estar aberto a ver e ouvir tudo isso. Deixei passar alguns sorrisos e convites; deixei passar o convite de noites sem compromisso. Eu fico sem entender o caminho que estou fazendo, mas no fundo acho muito satisfatório estar em meio a tantos amigos novos e felizes com a vida. O que quero é muito mais que o um corpo comigo.

Quarto dia - Contrastes mo cenário. Dois meninos tensos pelas cervejas que caíram enquanto arrumavam o isopor para venda. O menor deles corre com o carrinho, enquanto olha para o pé que ainda está sangrando. Os dois disfarçam a dor que estão sentindo para não esmorecer na disputa por clientes.
Eu ando meio sem destino, à mercê dessas imagens. Encontro novos vizinhos, casais recentes e apaixonados. Essa energia toda me dá a certeza de que não preciso escolher caminho nenhum, eu sou tudo isso.

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