Traíções e solidão

é estranho como somos capazes de nos acostumar com tudo. Hoje escrevi uma frase interessante para uma amiga:

"eu me perco em pequenas coisas, quando o foco está muito em mim. Preciso desviar o olhar para me enxergar melhor".

Eu me acostumei com um tipo de abandono, uma solidão...e para não ter pena ou auto-compaixão, ou mesmo para evitar a dor, eu desviva o olhar de mim. Nessas horas, eu vi outras pessoas, compartilhei dramas, dei meu colo, meus ouvidos, meu amor. Eu era feliz doando de mim e recebendo de volta. Eu era capaz de me alimentar daquilo que saía de mim, de um olhar carinhoso, de uma palavra mansa que me fazia enxergar o que eu tenho. " A boca fala do que o coração está cheio".

Como posso me trair assim? Preciso desviar o olhar...

Nunca me senti tão amada antes e a idéia fixa é que corro o risco de me tornar egoísta, vaidosa nesse amor. O ser muito amado às vezes fica cego e acaba acreditando de que é muito merecedor daquele amor, e , por isso, passa a ser o foco de tudo, o centro de todas as coisas.

Estou me traindo quando não divido esse amor que hoje recebo de forma tão intensa, tão honesta e gratuita. Minha traição é esquecer o tempo de solidão e de tudo que aprendi compartilhando do que tinha com outros também sozinhos.

Meu erro é não perceber que o amor verdadeiro é aquele que não se envaidece, que não se orgulha em si mesmo, mas que se doa...

Estou tirando o foco de mim e percebendo a qualidade do amor que tenho para compartilhar.

Comentários

Rodrigo Santiago disse…
Esse é um problema. Tornar-se vaidoso quando se tem alguém por perto, dando carinho, mimando. Quando amamos e somos correspondidos, vem a fase dois: está bem às claras o quanto temos erros e defeitos que antes não imaginávamos. Nem nossos amigos desconfiam.

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