Angústias

Hoje atravessei a rua de olhos fechados.
Eu tenho muitas dúvidas e elas não me deixarão nunca.

Eu me lembro do último olhar dele para mim e era de quem mais uma vez me peguntava, mas pela primeira vez eu não tinha certeza de nada e esse foi o princípio das dores. Aí começaram as dores reveladas. Se é preciso mesmo morrer para recomeçar, então eu morri. Morreu a mulher que sempre tinha respostas e certeza de tudo; morreu com ele a irmã resignada que por tanta convicção o abandonou no mundo jovem das interrogações.

Hoje atravessei a rua de olhos fechados e percebi quantas dúvidas eu ainda tenho, e elas vão além do pouco que me deixava confusa; vão além do que seja pecado.

O que me faz humana? Que tipo de luta é legítima? Será que é tarde demais? Até onde devo ir para conhecer quem sou? Eu sou o que eles deixaram para mim? Por que ainda tenho fome? Pelo que eles temem ? Que amor é esse que dizem ter por mim? O que eu faço é caridade ou vaidade?

Hoje atravessei a rua de olhos fechados e não tive medo.

Comentários

bia disse…
Angústias... São todas tão diferentes e tão iguais, né?
Como sempre, ler você é bom demais!!!
Saudades.
bjs
Alyne disse…
Lê,
vc é demais! Ficou despida em plena rede mundial!

bj,
Alyne
Toni disse…
Para de se perguntar e vai atravessar rua, é necessário muita atenção.

E se quiser ir de olhos fechados, me avisa, eu te dou a mão.
Aí a gente atravessa junto.

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