Transgressões
Quando entrei eu não tinha intenções outras, estava apenas lendo meu livro comprado dois dias antes, numa prateleira de mercado. Ela já estava sentada quando cheguei e não sei o que a despertou; talvez tenha sido minha risada - sou a pessoa mais solta e autêntica quando estou sozinha, as pessoas me inibem - acho que foi isso, eu ria como se estivesse de fato sozinha dentro daquele ônibus e ela passou a me observar. Eu sentia seus olhos em mim e começava a perder a naturalidade, comecei a medir meus gestos, acreditando que poderia estar atrapalhando a tranquilidade alheia.
Como se não bastassem os olhares, seu corpo ganhou uma nova dimensão e eu já começava a sentir sua perna junto a minha, o frescor de seus braços também jovens bem próximos. Quanto mais ela se aproximava, eu senti o diálogo silencioso dos nossos corpos.
Ela conseguiu me tirar a concentração, esqueci o livro de lado e parti para dentro daquele teatro. Era como se meu estado mais "infantil" tivesse sido sinal verde para que ela deixasse também de temer o mundo real e abandonasse seu corpo livre para fazer o que bem quisesse.
Eu me apavoro com esses momentos, quando a minha falsa liberdade desperta impulsos alheios. Eu me sinto como naqueles dias de praça cheia em que um bebê com sua mãe é capaz de gerar em mim desejos novos.
Dessa vez eu não seria barreira para a descoberta dela; deixei a mulher tocar minha pele; fingindo não reparar deixei que ela manifestasse sua natureza, seus desejos contidos, seja lá o que era, eu apenas não a repreendi, não a castrei para que ela - em um momento apenas - pudesse se sentir livre.
Ficamos naquele teatro durante toda a viagem e quando cheguei seu ponto final, ela deu sua primeira palavra, anunciando seu destino. Eu não queria nada mais do que participar daquele momento teatral. Ela desceu esperando que eu fosse atrás, e eu permaneci sentada com um sorriso distante.
Como se não bastassem os olhares, seu corpo ganhou uma nova dimensão e eu já começava a sentir sua perna junto a minha, o frescor de seus braços também jovens bem próximos. Quanto mais ela se aproximava, eu senti o diálogo silencioso dos nossos corpos.
Ela conseguiu me tirar a concentração, esqueci o livro de lado e parti para dentro daquele teatro. Era como se meu estado mais "infantil" tivesse sido sinal verde para que ela deixasse também de temer o mundo real e abandonasse seu corpo livre para fazer o que bem quisesse.
Eu me apavoro com esses momentos, quando a minha falsa liberdade desperta impulsos alheios. Eu me sinto como naqueles dias de praça cheia em que um bebê com sua mãe é capaz de gerar em mim desejos novos.
Dessa vez eu não seria barreira para a descoberta dela; deixei a mulher tocar minha pele; fingindo não reparar deixei que ela manifestasse sua natureza, seus desejos contidos, seja lá o que era, eu apenas não a repreendi, não a castrei para que ela - em um momento apenas - pudesse se sentir livre.
Ficamos naquele teatro durante toda a viagem e quando cheguei seu ponto final, ela deu sua primeira palavra, anunciando seu destino. Eu não queria nada mais do que participar daquele momento teatral. Ela desceu esperando que eu fosse atrás, e eu permaneci sentada com um sorriso distante.
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