Estava pensando no que escrever sobre Machado de Assis e no que um amigo me disse:
“O que você tem escrito? Quais têm sido suas leituras atuais? Mande um texto seu sobre Machado de Assis.”
Procurei meus textos acadêmicos, minha produção como aluna de Letras e enquanto procurava por esses textos deparei-me com uma questão curiosa. Não deveria reproduzir o que havia escrito no passado, nos padrões que antes seguia fielmente, poderia dar asas ao meu poder de observação e seguindo o exemplo do escritor, observar ao meu redor e fazer apenas um diagnóstico da minha realidade, talvez com alguns recursos de ficção.
Deixei meus textos acadêmicos de lado e fui contextualizar minha reflexão. Passei a pesquisar meus textos livres que tenho escrito em um blog há três anos. Um espaço de fragmentos de idéias, pensamentos e poemas e percebi que minha escrita tinha forte influência do bruxo. Ele havia se misturado aos meus pensamentos, meus questionamentos, minhas idéias. Comecei por sondar pelos traços dele em mim, sua influência e vi a presença da forte Capitu nos meus textos sobre mulheres. Olhos de ressaca que se deram lugar para comparação com outros: olhos de girassóis, olhos de descobrimento, olhos de rebeldia.
Achei o que estava procurando sobre Machado de Assis. Percebi que a influência de seus textos parece não ter fim. É um poder mágico sobre as palavras que fazem delas sempre atuais, sempre passíveis de intertextualidades.
Foi nessa hora de pesquisa de Machado em mim, na minha realidade, nos textos publicados na internet, que encontrei e esbarrei em tantos outros textos de amigos “internautas”. Havia blogs e mais espaços que tratavam da imagem da Capitu. Adolescentes, jovens, crianças. Todos parecem se encontrar e se identificar com a história de
Acabei redescobrindo a música Capitu cantada por Zélia Duncan e fiquei três dias sem conseguir parar de ouvir:
“É esse o seu modo de ser ambiguoSábio, sábioE todo encanto, canto, cantoRaposa e sereia da terra e do marNa tela e no arVocê é virtualmente amada amanteVocê real é ainda mais tocanteNão há quem não se encante.”
Chamei alguns parentes para um almoço e comecei por minha pesquisa. Perguntei aos primos, tios e para os meus velhos e sempre havia uma história preferida, um personagem com que se identificavam. O inesperado foi ouvir de uma prima de nove anos:
- Eu adoro a Capitu. Ela é linda. Tem a minha cor e minha mãe diz que seus olhos são como os meus. Redondos, amendoados. Olhos de ressaca.” Ela já tinha a história gravada e sabia quem era o bruxo por ter visto um curta na TVE.
São tantas as mulheres que entendem Capitu, que se acham Capitu.
Não temos como negar, seremos sempre influenciados por seus personagens, pela psicologia tão humana de seus diferentes personagens. Ainda me vejo sendo perseguida por meus medos e fantasmas como era Bentinho.
“O que você tem escrito? Quais têm sido suas leituras atuais? Mande um texto seu sobre Machado de Assis.”
Procurei meus textos acadêmicos, minha produção como aluna de Letras e enquanto procurava por esses textos deparei-me com uma questão curiosa. Não deveria reproduzir o que havia escrito no passado, nos padrões que antes seguia fielmente, poderia dar asas ao meu poder de observação e seguindo o exemplo do escritor, observar ao meu redor e fazer apenas um diagnóstico da minha realidade, talvez com alguns recursos de ficção.
Deixei meus textos acadêmicos de lado e fui contextualizar minha reflexão. Passei a pesquisar meus textos livres que tenho escrito em um blog há três anos. Um espaço de fragmentos de idéias, pensamentos e poemas e percebi que minha escrita tinha forte influência do bruxo. Ele havia se misturado aos meus pensamentos, meus questionamentos, minhas idéias. Comecei por sondar pelos traços dele em mim, sua influência e vi a presença da forte Capitu nos meus textos sobre mulheres. Olhos de ressaca que se deram lugar para comparação com outros: olhos de girassóis, olhos de descobrimento, olhos de rebeldia.
Achei o que estava procurando sobre Machado de Assis. Percebi que a influência de seus textos parece não ter fim. É um poder mágico sobre as palavras que fazem delas sempre atuais, sempre passíveis de intertextualidades.
Foi nessa hora de pesquisa de Machado em mim, na minha realidade, nos textos publicados na internet, que encontrei e esbarrei em tantos outros textos de amigos “internautas”. Havia blogs e mais espaços que tratavam da imagem da Capitu. Adolescentes, jovens, crianças. Todos parecem se encontrar e se identificar com a história de
Acabei redescobrindo a música Capitu cantada por Zélia Duncan e fiquei três dias sem conseguir parar de ouvir:
“É esse o seu modo de ser ambiguoSábio, sábioE todo encanto, canto, cantoRaposa e sereia da terra e do marNa tela e no arVocê é virtualmente amada amanteVocê real é ainda mais tocanteNão há quem não se encante.”
Chamei alguns parentes para um almoço e comecei por minha pesquisa. Perguntei aos primos, tios e para os meus velhos e sempre havia uma história preferida, um personagem com que se identificavam. O inesperado foi ouvir de uma prima de nove anos:
- Eu adoro a Capitu. Ela é linda. Tem a minha cor e minha mãe diz que seus olhos são como os meus. Redondos, amendoados. Olhos de ressaca.” Ela já tinha a história gravada e sabia quem era o bruxo por ter visto um curta na TVE.
São tantas as mulheres que entendem Capitu, que se acham Capitu.
Não temos como negar, seremos sempre influenciados por seus personagens, pela psicologia tão humana de seus diferentes personagens. Ainda me vejo sendo perseguida por meus medos e fantasmas como era Bentinho.
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