Meus prazeres

Estávamos em um bar quando eu perguntei se ele não sentia falta de escrever; ficar sem escrever me deixava louca, quase “seca” por dentro. Comecei então a comparar novamente minha arte ao ato sexual. Ele logo ganhou as feições de um jovem tímido e desconcertado. Confesso, eu não sei como alguns gênios masculinos são capazes de corar com o discurso mais natural de uma mulher. Lembrei da timidez do Chico Buarque. Percebi a vergonha do meu amigo.
Não havia dito nada de mais; sinto mesmo como se estivesse em abstinência sexual quando não escrevo; sinto um vazio, fico na tara. E se as obras são como filhos, porque não posso dizer que sinto um prazer quase sexual ao escrever coisas que fluem. São fluidos do meu corpo, da minha mente que vibra, geme, adoece enquanto tudo acontece dentro de mim.
Sentamos num bar para comer alguma coisa; acabei de escrever um conto lindo, que um dia pode até se tornar um belo romance, e por isso estou com uma fome terrível e um sorriso que não sai do meu rosto.

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