Pensando em Clarice...

Lembrei de alguns textos prediletos e então novamente pensei em Clarice - digo isso porque todas as vezes que penso em um texto delicado e transformador, penso nas palavras dela. Lembrei do seu gosto pelas entrelinhas. Ela gostava mesmo era do que chamo de "interdito", do velado, do não confessado. Acho que suas palavras não ditas são de fato as que fazem a diferença.
Lembrei do romance Reencarnação, das imagens da mulher- fantasma; pensei nos amores descritos pelo ultra-romântico e virginal Álvares de Azevedo, da sofrequidão de suas paixões. Descobri que meus maiores diálogos foram os carregados de entrelinhas. Consigo lembrar de muitos deles.
Pensei em mim e em tudo o que eu perdi, e que poderia ter ficado no meio fio; sem que entregássemos o jogo, ou a toalha. Hoje podia ficar só aproveitando daquilo que os homens e a sociedade me oferecem; seria eu a egoísta e vampira, que subjetivamente tiraria de você tudo que desejo.

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