Entre homens e santos...

Achei que não voltaria a escrever cartas de amor, nem mesmo a declarar pequenas paixões; confesso que estou fascinada por você, por seus cabelos bonitos, soltos e naturais. Parece que eles traduzem você: autêntico, livre, forte, decidido.
Às vezes escuto o barulho do elevador e imagino que poderia ser alguém que vem me ver, talvez você e então percebo que ainda não tem meu endereço, desconhece minha rotina e minhas preferências; percebo que foram poucos os momentos que tivemos juntos. A única coisa que tenho é a lembrança do seu olhar, que sempre me distrai e confunde.
Estou passeando por uma bela praia de Niterói e só consigo pensar em você, no jeito que tem de olhar para mim como quem adivinha meus desejos, meus medos, minhas escolhas. Lembro de sentir o seu olhar respondendo ao meu desepero por não saber o que fazer quando estou perto de você. Estou curtindo o visual de Camboinhas, e ouvindo mantras -apesar de não ter costume - mas hoje elas falam comigo, assim como a beleza quase selvagem dessa parte da praia; assim como bebê que brinca na porta do apartamento vizinho ao meio, em dias de tranquilidade. Lembro de você e de mim, vejo sua cor nesse cenário; lembro-me talvez daquilo que ainda resta de inocência em nós; vejo nossos desencontros e o conflito de nossa natureza que teima em querer o que é diferente. Sinto, ao som dessa música mística, a minha "mística" se confundido com minha natureza que não é divina, vejo a beleza do que é natural, e fico perdida entre o que sou e o que esperam de mim. Vejo você nos meus conflitos, a sua cor, seus cachos, seus olhos negros, seu jeito autêntico e sério de agir. Acredito que estamos, nós dois, na busca de escolhas maiores, de frutos eternos enquanto nos perdemos em nossos olhos, em nossos desejos "inautênticos" e, em nossa natureza humana. Estamos,nós dois, nesta luta que parece não ter fim; convivendo com nossos desejos que parecem também não ter fim; descobrindo e enconbrindo nossa guerra íntima.
Estamos medindo a distância entre nós dois, desejando que não haja mais distância entre nossos abraços; estamos também assustados e temerosos que nossos desejos sejam mais fortes que nossos medos e projetos.
Fecho meus olhos diante ao imenso mar que se abre na praia de camboinhas e tento rever meus passos para entender como minha mente e meus desejos foram tomados por voçê. Abro meus braços e entrego ao mar, a natureza, à Deus todos meus desejos, meus pensamentos, meu temores... entrego o desenho bonito que fiz de você.

Comentários

MosaicodeDeus disse…
Esse é estranho mesmo...

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