Santa Fé - Janelas urbanas

Não sei como lidar com esse novo sentimento. Estava acostumada a passar pelo Fórum Santa Fé e , como em um ato mecânico, olhar a mulher nas escadas. Essa postura alimentava minha imagem de diferente, de atenta ao mundo não material, minha sensibilidade .
Hoje passei pela Santa Fé e quando dei por mim já havia passada pelo Fórum, o dia estava frio, e eu estava atenta a minha leitura. Quando percebi já estava na esquina e toda minha máscara e postura de boa e espiritual ficou comprometida.
Esta enganado a mim mesma, não sou diferente, não sou na prática o que discurso. Percebi que o fato de vê-la todos os dias fazia dieferença somente em mim , e mesmo assim, só superficialmente. Naquele momento mágico eu era a mulher sensível, a jovem que enxerga o mundo através da janelas urbanas. Isso alimentava meu orgulho, minha vaidade. Percebi isso quando não vi, quando simplismente esqueci e pude entender que só me lembrava dela naquele momento e, que nada mudava em sua vida.
Nunca tomei a atitude de descer do ônibus, e ficar um tempo conversando com ele, nunca procurei pesquisar se ela realmente não tem um lar, pesquisar um lugar para ela dormir, ou se aquele é o lugar que ela prefere ficar. Nunca parei para conhecer sua história, compartilhar o amor de Cristo, poder ouvir e entender seu lamento e solidão.
Percebi que o fato de não olhar pela janela no exato momento em que sempre olhei, quebrou algo dentro de mim, me fez rever meus conceitos, minha hipocrisia, minah fraqueza e medo.
Mesmo que hoje eu não posso mudar uma realidade de contrastes , eu posso dar espaço ao que existe de Deus em mim.
Percebi que me sinto sensível, mas sou incapaz de agir. Que falo dos engravatados, dos elegantes e letrados, mais sou capaz de esquecer do mundo quando leio Clarice .

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